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quarta-feira, 12 de março de 2025

Simply Red faz shows no Rio e SP e anuncia releituras de sucessos: 'Regravamos pelo menos 20 músicas', diz Mick Hucknall

 

Um dos grupos mais conhecidos do pop mundial (“Stars”, seu álbum de 1991, foi o mais vendido do Reino Unido naquele ano... e no ano seguinte), o Simply Red parece ter uma chama que não dá sinais de que vai se extinguir: liderado desde sempre pelo vocalista, o inglês de Manchester Mick Hucknall (64 anos de idade e ainda com os incendiários cabelos ruivos que inspiraram o nome da banda), ele baixa no Brasil — um dos países onde mais faz sucesso — para dois grandes shows comemorativos dos 40 anos de carreira: esta quarta-feira (12) à noite no Rio, na Farmasi Arena, e sábado (15), em São Paulo, no Allianz Parque (restam poucos ingressos para ambos os espetáculos).

Em entrevista por telefone, Hucknall se diverte ao se lembrar de quando anunciou, em 2009, uma turnê de despedida do Simply Red, e depois voltou atrás, em 2015, para celebrar nos palcos o aniversário de 30 anos da banda. A razão do hiato foi uma só: o nascimento de sua filha, Romy True.

— O motivo para eu parar com a banda foi o fato de meu pai ter me criado sozinho (a mãe de Hucknall os abandonou quando o filho tinha 3 anos). Ele era muito dedicado a mim. Então, acho que foi algo automático quando minha esposa deu à luz minha filha, que eu queria estar lá da mesma forma que meu pai estava comigo — lembra o cantor. — Meu pai estava lá todos os dias, ele trabalhava, vinha para casa e fazia comida para mim, isso desde os meus 3 anos de idade. Acho que isso talvez estivesse no meu DNA, eu só queria estar perto da minha filha o tempo todo.

Agora que Romy tem 17 anos, o pai se sente mais à vontade para abrir a guarda.

— Ela é uma artista, agora está estudando na escola de arte. Ela é muito boa em desenhar e pintar... muito melhor do que eu fui! Estou muito orgulhoso dela, que me proporciona a experiência mais maravilhosa que é a de ser pai, de estar lá, nas conversas que tivemos e nas coisas que aprendemos juntos — diz Mick Hucknall, esquivando-se, porém, de responder se a filha é fã do Simply Red. — Ela é fã do pai dela, isso é o que ela é (risos). Quando a porta de casa se fecha, a banda fica do lado de fora. E aí ela é apenas minha filha e eu sou o pai dela.

Vocalista do grupo pós-punk Franctic Elevators (e uma das testemunhas de quando os Sex Pistols tocaram o terror — e fascinaram uma geração — ao se apresentar em Manchester), Mick Hucknall fundou o Simply Red como uma banda de blue eyed soul (música soul cantada por brancos) e de cara estourou com seu álbum de estreia “Picture book”, dos hits “Money’s too tight to mention”, “Come to my aid” e “Holding back the years” — uma canção da época dos Franctic Elevators, que ele compôs aos 17 anos, para purgar a ausência da mãe e as brigas com o pai.

— Sempre esperei ter uma carreira longa, mas porque sou um compositor. Quando você compõe suas próprias músicas, é natural que vá mais longe — diz ele, para quem o desafio na nova turnê tem sido “escolher as minhas músicas favoritas de todos esses anos, desde lá do começo”, junto com as indefectíveis, como “Holding back the years”. — Essa é uma daquelas músicas que se pode chamar de atemporais, eu me sinto abençoado por ter conseguido criá-la. Obviamente, tive outros momentos da minha carreira com músicas que foram muito bem-sucedidas, mas essa, em especial, é uma grande parte de mim, e tem funcionado desde que eu tinha 19 anos.

O cantor acaba de lançar com o Simply Red uma regravação (não muito diferente da original) do seu hit “If you don’t know me by now” (ele mesmo uma regravação de 1989 de uma canção do soul da Filadélfia dos anos 1970, do grupo Harold Melvin and The Blue Notes). E anuncia: vêm outras releituras por aí.

— Regravamos pelo menos 20 músicas do grupo, incluindo “Holding back the years”. Tenho muita sorte de, depois de 40 anos, ainda conseguir cantá-las. Não é comum que um artista faça isso, mas a banda ainda soa bem e consigo atingir as notas altas — diz ele, admitindo que, de certa forma, quis seguir o movimento da americana Taylor Swift de regravar suas próprias músicas para ter direito total sobre elas, em sua própria gravadora. — Você sabe, a indústria musical mudou incrivelmente desde 1985. Naquela época não tínhamos CDs. Olhe para o mundo agora, para os canais de streaming, para o YouTube... Toda a indústria, toda a música, toda a maneira como as pessoas ouvem música mudou drasticamente. Então a coisa a fazer é realmente mostrar a eles o que você é, o que você pode fazer agora, não apenas o que você fez no passado. Acredito que cantar essas músicas novamente é só uma maneira de fazer isso.

Saudades do Brasil

O Simply Red é presença frequente no Brasil desde 1988, quando veio ao festival Hollywood Rock.

— Tenho boas memórias dessa primeira vez no Brasil, tinha um público enorme no Rio (na Praça da Apoteose) e também em São Paulo (no estádio do Morumbi). Lembro que gostava de sair do hotel, andar por aí e depois ir a um pequeno bar, e ficar um bom tempo ali, só tomando um café e um suco de manga. Eu estava no paraíso! — recorda-se Mick Hucknall. — E também tinha aquelas churrascarias, com aquelas carnes giratórias, saladas, feijoada e todo esse tipo de coisa. Gosto muito dessas coisas!

Entre 1988 e 1996, o Simply Red teve, inclusive, um guitarrista brasileiro: Heitor TP (Teixeira Pereira), um gaúcho criado em Niterói, hoje um trilheiro e músico de trilhas de filmes de Hollywood, como “Melhor é impossível”, “O cavaleiro das trevas”, “Meu malvado favorito”, “Angry Birds 2” e “Playmobil”.

— Meu estilo de composição é voltado para a canção pop de três minutos. É como se eu estivesse seguindo a tradição dos meus ídolos dos anos 1960, os Beatles ou tantos outros artistas — diz o cantor. — Então, nas turnês com o Heitor, quando estávamos juntos, eu sempre dizia a ele: “Sabe, você faz esse tipo de paisagem sonora, tipo música panorâmica.” Algo que combinaria com trilhas sonoras, justamente o que ele acabou fazendo, esse trabalho mais cinematográfico. Estou muito feliz por ele, pelo grande sucesso que ele teve naquele mundo.

Mick Hucknall diz que sua atração pelo público brasileiro vem do fato de que ele “ama música, ama melodias, e isso realmente funciona para mim, porque as músicas que componho são melódicas”:

— E acho ainda que o público brasileiro também gosta muito de ouvir músicos de boa qualidade. O que há de legal em nossa banda é que os músicos olham uns para os outros e pensam: “Eu tenho que ser bom, porque eles são realmente bons.” É um tipo de respeito muito saudável, porque forma uma unidade e mantém os padrões de qualidade bem altos.

O Simply Red conta com uma formação que, até há pouco, se mantinha a mesma desde 1998 (o saxofonista Ian Kirkham, por exemplo, está com a banda desde 1986). Ano passado, no entanto, eles perderam, aos 60 anos, por um tumor cerebral, o baixista Steve Lewinson, que tocava com o SR desde 1995.

— Foi uma tragédia. Steve era um cara bem jovem, e isso realmente nos deixou arrasados. Ele era maravilhoso. A primeira coisa que ele disse quando soube da doença foi: “Vou te ajudar a encontrar um baixista novo.” Que outra pessoa faria isso? Então, nós temos hoje um amigo de Steve no lugar dele — revela o cantor.

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FONTE: O Globo / Cultura

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