A chuva que atingiu Petrópolis, na Região Serrana desde a tarde de domingo, deixou 16 mortos - entre eles dois funcionários da Defesa Civil, que foram soterrados quando tentavam salvar uma família que estava em área de risco - e 560 desabrigados. As 140 famílias, que incluem mais de 300 crianças, tiveram que sair de suas casas e se deslocaram para 18 pontos de apoio no município. De acordo com o prefeito Rubens Bomtempo, a maior parte dos desabrigados está no bairro da Quitandinha, área mais afetada da cidade, onde choveu 416 milímetros em 24 horas.
Além dos deslizamentos de terra, que provocaram 16 mortes e deixaram 20 feridos, houve transbordamento de rios, que alagaram as ruas. O comércio da cidade, que normalmente só abre na tarde de segunda-feira, manteve-se fechado, inclusive a famosa Rua Teresa.
“Se você me perguntar qual o tamanho do problema, ainda não consegui mensurar. A chuva ainda não parou”, disse o prefeito.
As aulas foram suspensas, pelo menos até hoje, para que as escolas possam receber os desabrigados. “São cerca de 1.500 crianças, mas elas não vão ficar sem aula. As aulas estão sendo apenas adiadas. Isso será reposto em um curto espaço de tempo”, disse Bomtempo.
A Defesa Civil atendeu a mais de 368 ocorrências desde o início das chuvas. Durante o atendimento a uma emergência, na Quitandinha, dois funcionários da Defesa Civil morreram soterrados, enquanto tentavam tirar famílias de uma área de risco. “Eles morreram como heróis.”
Apesar de alguns moradores dizerem que as sirenes não soaram em alguns locais da Quitandinha, o prefeito disse que todas as sirenes soaram adequadamente.
De acordo com o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, a cidade, na região serrana fluminense, tem cerca de 5 mil famílias vivendo em áreas de risco. Mas, por enquanto, a prefeitura só prevê retirar e realocar 164 delas. E esse trabalho só deve ser concluído no prazo de três anos.
“São cerca de 700 pessoas que vivem na Estrada da Saudade. Quando serão removidas? Estamos em um processo de licitação. Se der tudo certo, vamos começar o mais rápido possível. Mas é obra para três anos, porque são áreas de difícil acesso e que envolve um processo social. Não é nada fácil”, disse.
A continuidade da chuva em Petrópolis, na região serrana fluminense, está deixando o Corpo de Bombeiros em alerta. Segundo o secretário estadual de Defesa Civil e comandante dos Bombeiros, coronel Sérgio Simões, há um grande risco de novos deslizamentos de terra.
“As equipes que estão empenhadas nas diferentes funções também se expõem a risco. Há relatos de pessoas desaparecidas, portanto há todo um esforço do Corpo de Bombeiros (de encontrar os desaparecidos)”, disse Simões.
Alerta - Doze rios do estado do Rio de Janeiro, que cortam oito municípios, estão em alerta máximo devido às chuvas. O alerta máximo é o nível mais grave entre os quatro usados pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para medir o risco de cheia dos rios do estado.
O alerta máximo significa que o rio já atingiu 80% do seu nível de transbordamento. Alguns rios, como o Quintandinha e o Piabanha, que cortam a cidade de Petrópolis, já transbordaram, de acordo com o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.
Friburgo - Pelo menos 50 pessoas estão desalojadas em Nova Friburgo, região serrana fluminense, em decorrência de fortes chuvas. No 3º distrito, que engloba os bairros Salinas e São Lourenço, o Rio Grande transbordou e as águas invadiram as casas dos moradores. A região ficou alagada por algumas horas.
O secretário da Defesa Civil, João Paulo Mori, informou que o rio voltou ao normal e as pessoas esperam a água escorrer para retornar às suas casas. Segundo ele, não foi necessário acionar um abrigo porque as famílias foram para casa de parentes.
Governo do Estado libera R$ 3 milhões
O Governo do Estado destinou R$ 3 milhões, pelo programa Somando Forças, para o Fundo de Assistência Social às vítimas das fortes chuvas que acontecem desde a noite de domingo em Petrópolis, Região Serrana. O anúncio foi feito pelo governador Sergio Cabral, ontem, durante coletiva de imprensa realizada na prefeitura petropolitana que, por sua vez, liberou R$ 200 mil para ação.
“O prefeito nos anunciou a contratação emergencial de 500 trabalhadores para ajudar na limpeza da cidade e nas remoções, sob supervisão da Secretaria de Obras da cidade. O prefeito depositou da parte dele R$ 200 mil, e nós estamos depositando, emergencialmente, R$ 3 milhões pelo programa Somando Forças. Estou determinando ao secretário (de Planejamento) Sérgio Ruy Barbosa”, disse o governador.
Uma equipe da Força Nacional chegou em Petrópolis para se unir à Defesa Civil do estado e do município. As equipes do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos já estão no local dando apoio aos atingidos. Durante o pronunciamento, Cabral informou que 18 abrigos estão à disposição para receber os desalojados da região.
“Fazemos um apelo para que todas as pessoas deixem as áreas de risco. A presidenta Dilma Rousseff designou a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para acompanhar todo o trabalho que está sendo feito aqui. Falamos mais uma vez com a ministra Gleisi Hoffmann, atualizando e dando as informações e os procedimentos adotados. Estamos ainda em alerta máximo. Tenho plena confiança no trabalho do prefeito Roberto Bomtempo”, afirmou Cabral.
Cabral sugeriu à ministra-chefe Gleisi Hoffmann que as compras sejam feitas pelo sistema de Compra Asistida, no qual o morador recebe o valor correspondente à avaliação feita do seu imóvel e o dinheiro só pode ser aplicado na compra da nova moradia que ele escolher. Gleisi sinalizou positivamente para a sugestão que, segundo ela, será discutida com o Ministério das Cidades.
Angra em alerta de deslizamento
O município de Angra dos Reis, no sul fluminense, também está sofrendo com estragos provocados pela chuva que atinge o Rio de Janeiro desde o final da tarde de domingo. De acordo com a Defesa Civil do município, 36 pessoas estão desabrigadas e a cidade está em alerta por causa do risco de deslizamento de encostas e transbordamento de rios.
Segundo a Defesa Civil, o bairro Perequê requer maior atenção, pois o rio que tem o mesmo nome transbordou, alagando ruas. Os desabrigados foram levados para a Escola Municipal Frei Bernardo. No Bracuí, também houve alagamento, deixando a aldeia indígena ilhada.
A correnteza dos rios danificou duas pontes nos bairros do Areal e da Banqueta. Além disso, há registro de quedas de árvores e obstrução parcial da BR-101, a Rio-Santos, na chegada a Angra dos Reis.
Caxias - Outro município atingido pelas chuvas foi Duque de Caxias, na baixada fluminense. A prefeitura confirmou que dezenas de pessoas estão desalojadas nos bairros de Xerém e Santa Cruz da Serra. Segundo o prefeito Alexandre Cardoso, entre 40 e 50 casas foram desocupadas às margens dos rios Capivari e Saracuruna. Duas igrejas funcionam como abrigos para receber quem teve de sair de casa.
“A gente não sabe de quantas casas as pessoas saíram. Primeiro, estamos vendo se pessoas permanecem em situação de perigo ou em casas com risco de desabamento para resgatá-las”, informou Cardoso. A prefeitura montou um gabinete de crise no centro da cidade para coordenar as operações de defesa civil e de assistência social. Não há relatos de mortos ou desaparecidos.
Com as fortes chuvas na região serrana, os rios Capivari e Saracurana transbordaram na madrugada de ontem. Ruas e casas foram tomadas por lama em Xerém e Santa Cruz. Várias famílias tiveram que sair às pressas para salvar a própria vida.
De acordo com o prefeito, além da chuva forte, contribuiu para a cheia dos rios, a tempestade que caiu em Petrópolis e cuja água escorreu para a baixada. “Choveu 400 milímetros em três dias em Petrópolis e, quando chove lá, a água desce para cá”, explicou Cardoso.
São Gonçalo com pontos de alagamento
Apesar das fortes chuvas que caíram sobre São Gonçalo no domingo e manhã de ontem, a cidade teve apenas pontos de alagamentos. De acordo com a Defesa Civil municipal, foram registrados alguns chamados, porém sem gravidade. Durante todo o dia, funcionários da secretaria de Infraestrutura e Urbanismo realizaram ações em vários bairros a fim de minimizar os alagamentos.
Entre os serviços executados estão: desentupimento de bueiros, limpeza de ruas e dos principais rios que cortam a cidade. De acordo com o secretário de Infraestrutura e Urbanismo, Antônio José Raymundo, é preciso que a população esteja consciente e que não deixe sacos de lixo na porta de casa.
“Nós estamos realizando um mutirão na cidade. Com a chuva, muitas ruas ficaram sujas e precisaram ser limpas. Para evitar os alagamentos, nossa equipe está na rua realizando a desobstrução de bueiros e a limpeza de rios e vias principais da cidade para que a água possa escoar com mais facilidade, mas é preciso que a população colabore não jogando lixo nas ruas e não colocando o lixo na calçada, pois quando chove os sacos plásticos são levados entupindo bueiros e causando alagamentos”, esclareceu o secretário.
Alguns moradores de São Gonçalo reclamam que os pontos de alagamento são sempre os mesmos. Eles esperam que haja limpeza nos locais para evitar problemas maiores.
Chuva até quinta-feira
A frente fria que cobre o Rio de Janeiro desde o último domingo deve permanecer no estado até a próxima quinta-feira, segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Nas últimas 24h, os municípios da Região Serrana, que registram maior quantidade de chuva: em Teresópolis choveu 354,4 milímetros (mm), Petrópolis (340,2 mm), Resende (243,9 mm). Na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, no distrito de Xerém choveu 299,6 mm, e no Rio choveu 169,5 mm.
O Fluminense e Governo do Estado do Rio de Janeiro
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