No último Censo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou que a expectativa de vida do brasileiro subiu de 72,8 anos em 2008 para 73,2 anos em 2009. Em Brasília, por exemplo, a média de vida feminina ultrapassa os 79 anos, seguidos de perto por 78 no Rio de Janeiro. Mesmo com a curva em ascenção, o Brasil ainda perde para países centrais, como o Japão, com 82,5 anos; França, 81,5; Suíça, 81,5; Suécia, 81 e a Argentina, que emplaca 75 anos em média. Esse crescimento deixa muito claro que lugar de velhinho não pode mais ser no asilo nem trancado em casa.
Aos poucos fica mais comum encontrar pessoas de idade na rua cheias de disposição, estudando, fazendo exercícios, se divertindo e namorando. Quem alcança a linha dos 80 sabe muito bem que as dificuldades não são pequenas. O corpo começa a dar sinais de desgaste, como toda máquina em funcionamento. Doenças como Alzheimer, acidentes vasculares cerebrais e osteoporose, além de sequelas de hipertensão e diabetes podem fazer com que a qualidade de vida seja prejudicada.
Com o envelhecimento surgem doenças que a medicina desconhece, sabe pouco ou ainda não teve tempo de estudar direito, e, portanto, não descobriu a cura. Nesse caso, somos como carros e deixar a manutenção para a última hora pode gerar a necessidade de trocar uma peça indisponível no estoque. De acordo com os médicos, o melhor a fazer para poder aproveitar os anos que estão pela frente ainda é prevenir.
Para o neurologista André Gustavo Lima, membro da Academia Brasileira de Neurologia e especialista na prevenção do Acidente Vascular Cerebral (AVC), as doenças mais comuns da terceira idade, além dos AVCs, são as Demências, Alzheimer, e também os riscos de fraturas de Fêmur por causa de quedas ou acidentes domésticos. No entanto, diabetes, hipertensão e osteoporose também são motivo de preocupação, não pelo risco de morte, mas pela diminuição da qualidade de vida.
“Estresse, sedentarismo, má alimentação vão repercutir na terceira idade. O ideal é começar a pensar no assunto ainda na juventude. Não devemos só pensar na aposentadoria financeira e sim na aposentadoria de saúde. Isto é, envelhecermos com saúde”, orienta.
André segue dizendo que a Doença de Alzheimer cresceu junto com o amadurecimento da população mundial. “Ela acomete inicialmente a parte do cérebro que controla a memória, o raciocínio e a linguagem. Entretanto, pode atingir outras regiões do cérebro e comprometer outras funções. A causa da doença ainda é desconhecida e, embora não haja medicações curativas, já existem drogas que atuam no cérebro tentando bloquear sua evolução que podem manter o quadro clínico de alguns pacientes estabilizado por um tempo maior”, ressalta.
O médico destaca que, apesar de não haver tratamento curativo, é possível melhorar muito a qualidade de vida destes pacientes através de cuidados específicos e dirigidos a cada fase evolutiva.
Sintomas principais
Para ele, os primeiros sintomas dos problemas neurológicos são esquecimento, trocas de nomes, mas o problema pior é relacionado com o AVC, pois a pessoa pode ter os fatores de risco e estes fatores serem silenciosos.
“Atualmente, a cada 100 pessoas, dez possuem doenças cérebro vascular, conhecido popularmente como derrame. Ele é a principal causa de incapacidade neurológica e esta estimativa vem crescendo entre a população feminina. É grave, mais incapacitante do que fatal, e acarreta, segundo a Organização Mundial de Saúde, custos enormes para a sociedade”, conclui.
O especialista diz que um exame que pode ser utilizado como preventivo é o Doppler Transcraniano, relativamente novo e mais conhecido na Europa e nos EUA. “É semelhante a um ultra som, só que no cérebro. Caso seja detectada alguma anomalia no fluxo sanguíneo, o paciente pode começar imediatamente o trabalho de prevenção e, assim, as chances de desenvolver a doença são muito menores”, justifica.
Segundo o médico, o exame é indicado para todas as pessoas acima dos 60 anos que não tem fatores de risco para AVC, ou menores de 60 anos que tem fatores de risco para o AVC.
Algumas doenças principaisA hipertensão arterial é um importante fator de risco. No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 33% dos óbitos com causas conhecidas. A Fisioterapeuta e assessora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Associação Fluminense de Reabilitação AFR, Valéria Marques, garante que prevenir as complicações da hipertensão não é complicado.
“Basta praticar atividades físicas regularmente, sob o acompanhamento médico; manter uma dieta balanceada, sem excessos de gordura e sal; e tomar as medicações indicadas pelo médico, permanentemente. É mais barato, prático e saudável prevenir um AVC cuidando da hipertensão do que tratar suas sequelas”, afirma.
Para manter a saúde em dia, os especialistas concordam que o ideal é ter uma dieta bem balanceada, não fumar e tratar os fatores de risco que são Diabetes, Hipertensão, Colesterol aumentados, além de fazer atividades físicas regulares e evitar bebidas alcoólicas em excesso.
Memória de elefante – “Os problemas de memória, tão comuns nos idosos, podem ser trabalhados com exercícios de leitura, palavras cruzadas e desafios de lógica. A pessoa precisa se manter ativa intelectualmente. A prática de exercício também é muito importante, principalmente os aeróbicos, porque aumentam a circulação de sangue no cérebro”, orienta Lima.
Amputações - Um levantamento realizado pela Associação Fluminense de Reabilitação (AFR) trouxe dados alarmantes: 50% dos amputados em tratamento na instituição, ao longo do ano de 2010, fizeram a intervenção cirúrgica devido às complicações por Diabetes e 66,6% são de Etiologia Vascular, sendo 75% dos casos de Vasculopatia Diabética. A pesquisa demonstrou ainda que a faixa etária com maior incidência de amputações por causas vasculares é de 61 a 70 anos (42,3%). Para o médico Fisiatra da instituição, Nelson Shiguero Kagohara, parte do problema acontece porque doentes demoram a perceber os ferimentos nos pés.
“Uma medida muito simples que pode agilizar o diagnóstico de um ferimento é a utilização de meias brancas. Elas facilitarão a visualização de qualquer sangramento nos pés do diabético”, explica o médico, da AFR.
A inspeção diária deverá ser baseada na procura de úlceras, calos ou qualquer outro problema visível. “Se o problema em uma das artérias da perna não for tratado a tempo, a pessoa pode sentir dor durante a caminhada, sensação de frio nas extremidades, e chegar a sofrer amputação por gangrena”, alerta.
O FLUMINENSE
Por: Simone Schettino
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