Santo Guerreiro fica sem a tradicional festa em Niterói

A festa de São Jorge, uma das mais tradicionais do país, não será realizada este ano pela paróquia dedicada ao santo da Rua Alcides Figueiredo, no Centro de Niterói. O evento, que reúne centenas de pessoas no dia 23 de abril, está ameaçado porque a Arquidiocese de Niterói decidiu não realizar a celebração e a missa, pois a data coincide com o Sábado de Aleluia.
A cada ano, o Domingo de Páscoa ocorre em diferentes dias, e isso acontece porque a data é definida de acordo com o calendário lunar. Em 2011 o Sábado de Aleluia da Semana Santa, cai exatamente no dia de São Jorge, também conhecido como Santo Guerreiro.
Para o padre Leandro Freire, assessor de comunicação da Arquidiocese, festejar a data do santo seria tratar o caso como se ele fosse mais importante que Cristo.
“A paróquia estará aberta para orações e os devotos serão bem-vindos, porém a missa e a procissão em nome de São Jorge não irão acontecer como nos outros anos, pois o período da Semana Santa destaca a figura de Cristo e nada mais. A celebração de São Jorge tiraria todo o foco de Cristo, como se o santo fosse mais importante que ele. Na verdade, Cristo morreu na cruz por todos os santos, para dar sentido à vida, e isso precisa ser respeitado”, justificou. Já para os fiéis, deixar de realizar a festa será a quebra de uma importante tradição, além de desrespeito aos devotos do santo. “A festa de São Jorge já virou a maior festa religiosa do país, passando a fazer parte do nosso calendário. Estamos frustrados, pois tomaram uma atitude muito radical e sem nenhum tipo de diálogo. São Jorge abrange várias religiões e possui devotos em todo o Brasil. Tenho certeza que todos esses fiéis estão tão decepcionados quanto eu”, afirmou a conselheira municipal de Cultura de Niterói, Rita Diirr, de 50 anos. Os devotos garantem que a festa irá acontecer, nem que seja da maneira deles, ou seja, realizando o evento em outro local. “Criamos uma comissão de fiéis da igreja de São Jorge em  Niterói e estamos discutindo como será feito o nosso festejo, pois de uma forma ou de outra, irá acontecer. De início, estamos pensando em realizar a missa na capela de São Jorge do 12° Batalhão da Polícia Militar, na Avenida Jansen de Mello, já que eles também são devotos do santo. A festa seria na rua da igreja, cada um com sua imagem do santo, já que a original fica dentro da igreja e não poderá sair esse ano”, planeja o livreiro Jorge Pereira da Silva.
Devoção – Em 2010, a festividade de São Jorge na igreja do Centro de Niterói teve grande movimentação. Segundo a organização do evento, mais de 40 mil fiéis passaram pelo local. No dia do Santo Guerreiro, cerca de 30 mil devotos seguiram em procissão pela cidade, encerrando a celebração.
O FLUMINENSE