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sábado, 22 de julho de 2023

Pioneira da seleção brasileira de futebol, ex-jogadora leva vida anônima em SC; conheça


 Pioneira da seleção brasileira feminina de futebol, a ex-jogadora Cenira Sampaio vive uma vida anônima em Joinville, no Norte de Santa Catarina. Ela trabalha em uma padaria e vende bilhetes da sorte para complementar a renda.

Cenira foi capitã da seleção nas duas primeiras Copas do Mundo femininas, em 1991 e 1995. Defendeu o Brasil com a camisa número 8. A primeira Copa do Mundo masculina foi em 1930.

A falta de oportunidades fez com que a meio-campista ficasse longe dos holofotes. Na carreira futebolística, precisou lidar com muito preconceito.

"A gente tinha que reaproveitar os uniformes masculinos e, só depois de muita briga, é que conseguimos tirar pelo menos as estrelas da camisa, que não eram nossas. Chamavam muito a gente de 'sapatão' também, ou diziam 'vai pegar um tanque de roupa pra lavar, aí não é o teu lugar'", declarou Cenira.

Na época, Cenira jogava no Esporte Clube Radar, do Rio de Janeiro, time que serviu como base para a formação da Seleção das pioneiras. A ex-jogadora é natural do estado fluminense.

Começo com rebeldia


A relação de Cenira com o futebol começou quando ela tinha 7 anos e morava em Niterói, no Rio de Janeiro. Ela lembra que sempre observava os primos chutando bola na rua e, certo dia, pediu para jogar. De pronto, recebeu a resposta “mas você nem sabe jogar”. Pela insistência, conseguiu entrar na partida e surpreendeu.

Até então, conta que jogava apenas com parentes e decidiu comprar uma bola para tentar jogar com outros garotos no campinho do bairro, mas não foi escolhida por nenhuma equipe. Chateada, acabou com a brincadeira.

Essa determinação da pequena Cenira a manteve no esporte e a fez até enfrentar o próprio pai, Jerônimo, que era contra a profissão escolhida pela filha. Em certa ocasião, o homem chegou a arrastá-la para fora do gramado e a levou para substituir a irmã em uma partida de basquete.


Neste contexto, durante a trajetória, além do Flamengo, Madureira e Radar, Cenira defendeu as camisas do Vasco, da Portuguesa, Corinthians e do Palmeiras. Em 1984, teve uma rápida passagem por Joinville e reforçou o elenco da Associação Atlética Tupy durante um torneio.

Nas idas e vindas do futebol, viu Marta estrear no Vasco, quando a número 10 tinha 14 anos; acompanhou a inserção de Formiga na seleção brasileira aos 15, que carregou a mesma camisa que Cenira pelas sete Copas seguintes; e também ficou ao lado do Rei Pelé durante uma partida beneficente para arrecadar fundos para Blumenau, que ficou destruída após as fortes chuvas no Vale do Itajaí.


Em 1991, chegou a jogar grávida até os cinco meses, sem saber que carregava a filha Nathalia na barriga. Com desconforto, procurou o médico, que erroneamente, diagnosticou-a com problema de vesícula. “Minha vesícula hoje tem 36 anos”, brincou.

Cenira encerrou a carreira em 2004 e, para não sair por completo do esporte, formou-se em educação física e fez curso de arbitragem. Quando começou a apitar, ainda no Rio de Janeiro, como o salário recebido não dava conta, montou um trailer de lanche e levava uma dupla jornada.

Atualmente, nas folgas de fim de semana, entre os trabalhos no mercado e na venda do bilhete da sorte, a eterna capitã também apita jogos de futsal em Joinville. Mas o sonho dela mesmo é voltar para o futebol de campo, desta vez, à beira do gramado, como técnica.

Ela explicou que, para isso, precisa fazer o curso oficial da CBF, que tem custo de R$ 5 mil, valor inviável para o momento. Enquanto o desejo não se concretiza, ela torce para que as meninas tragam a primeira estrela para a camisa do Brasil.

"Desejo boa sorte para as meninas que vão pra Copa do Mundo agora, que consigam se estabelecer e ganhar, se não for ganhar o mundial, que seja o mais perto possível", disse.

FONTE: globo.com

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