Fundação Jardim Zoológico de Niterói luta para salvar animais e não fechar

A Fundação Jardim Zoológico de Niterói (Zoonit) segue na luta para manter suas atividades. Entre um recurso judicial e outro, dentro dos diversos processos que correm entre o zoo e o Ibama, já foram transferidos do local mais de 200 espécies de grande e pequeno porte, como macacos, leões, araras, tucanos e jabutis. Restam agora cerca de 100 animais, graças a uma liminar concedida pelo juiz Leopoldo Muylaert, titular da 3ª Vara de Fazenda de Niterói, em favor do Zoonit, que suspendeu decisão que orientava o Ibama a retirar todos os bichos do local em até quatro meses.
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A presidente do zoo, Giselda Candiotto, afirma que irá lutar pela unidade e que o Zoonit não irá fechar. Ela acredita que houve arbitrariedades e injustiças nas ações do Ibama. A eutanásia do leão Yuri, depois que o felino foi transferido para Brasília, é um dos fatos atravessados em sua garganta e, segundo Candiotto, o caso está sendo investigado pelo Ministério Público.
Reabilitação – A situação é preocupante, visto que a unidade de Niterói é o principal centro de reabilitação para onde são levados animais debilitados no estado. Os pinguins, por exemplo, costumam ser tratados no Zoonit. O período que vai de junho a outubro, é o mais propício para a chegada desses animais, que, em geral, são encontrados em estado crítico na orla de Niterói. A espécie chega a nadar um percurso de 5 mil quilômetros para chegar à região. Muitos pinguins acabam morrendo no caminho e, parte dos que sobrevivem, chegam debilitados.
De acordo com um levantamento feito pelo veterinário Marco Janacovick, os números de atendimentos de pinguins que chegavam debilitados na unidade foi de quase mil, somente no ano de 2009. Na época, a Petrobras chegou a viabilizar recursos para a construção de um tanque aquático para os pinguins em quarentena. Recentemente, o Zoonit realizou, inclusive, uma cirurgia quase inédita de reconstituição de bico em um pinguim – o animal recebeu uma prótese.
De acordo com Giselda, a unidade é referência no tratamento de animais e continuará recebendo animais que precisem de cuidados. Passado o período de recuperação, os animais serão encaminhados para o habitat mais adequado. Em meados do ano passado, a presidente do zoo foi uma das convidadas para a inauguração do Aquário de Monterey, na Califórnia, para onde 20 dos pinguins tratados na unidade foram encaminhados para fazerem parte do Projeto de Preservação da Vida Marinha. Em homenagem à cuidadora, uma fêmea foi batizada de Giselda.
Divergências e críticas
O veterinário Marcos Janacovick conta que, após a eutanásia do felino Yuri, a luta pela continuidade do trabalho do Zoonit se tornou ainda mais importante.
“É lamentável a falta de esclarecimento de profissionais, que tomam uma atitude de eutanásia em um animal com FIV (uma espécie de Aids felina). Não existe nenhuma determinação, na legislação brasileira ou em qualquer órgão ligado ao assunto, sobre eutanásia. Em estudos realizados, é preconizada a terapia de suporte para casos sintomáticos. Em casos assintomáticos deixa-se o animal viver normalmente; como era o caso dele”, declara.
“Nunca sacrificamos animal nenhum aqui”, acrescenta Giselda Candiotto.
Ibama – O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente afirmou que a Fundação não oferece boas condições de alojamento aos animais. Além disso, o instituto afirma que o Zoonit não se enquadra no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado em 2004 como uma tentativa de regularização e concessão da licença para funcionamento do zoológico. De acordo com o Núcleo de Fauna do Ibama, o Zoonit não é reconhecido legalmente por não possuir registro no Instituto como Centro de Reabilitação ou zoológico.
“O único local apropriado para entrega de animais debilitados ou apreendidos no estado do Rio de Janeiro hoje é o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Seropédica. Em qualquer situação emergencial, em que o animal não possa ser transportado até o local, o Núcleo de Fauna deve ser contactado”, orienta o Ibama.
Além disso, segundo o Ibama, a constante presença de gatos no Zoonit estaria prejudicando as condições sanitárias do local e transmitindo doenças aos animais – inclusive, possivelmente, a FIV do leão.
O FLUMINENSE