No próximo dia 28, Niterói vai sediar a terceira edição do Fatality Arena, no Canto do Rio. Em junho começa a venda de ingressos para a edição brasileira do Ultimate Fighting Championship (UFC), que acontece no dia 27 de agosto, no HSBC Arena, na Barra da Tijuca. A realização dos eventos chega para confirmar o crescimento das artes marciais mistas (MMA) no Brasil. O País não só já contabiliza importantes atletas na modalidade, como um maior número de espectadores para as lutas e admiradores do esporte. E Niterói está entre as cidades que despontam como celeiros de atletas. Apesar de estar vivendo o que os atletas consideram como a melhor fase do MMA no Brasil, eles fazem coro ao afirmar que ainda falta muito para chegar ao cenário ideal de incentivo do esporte no País. Atento a estas questões, o lutador niteroiense Ricardo Arona está transformando a casa onde morava, em Itacoatiara, em um centro de treinamento voltado para o MMA.
“Será um verdadeiro QG do esporte. Vamos trabalhar a parte física num tatame, uma escola de MMA mesmo, onde vou reunir os bons atletas de Niterói e criar uma equipe forte e bem preparada para lutas, seguindo a filosofia do esporte. Será o meu local de treino também. Vai ter ainda um espaço para eu receber turistas que venham de fora e que gostam de treinar”, revela Arona, que planeja estar com a obra concluída em dois meses. Arona está com 32 anos e há 10 se dedica ao MMA. Ele começou cedo. Desde os 14 lutava jiu-jitsu e foi campeão mundial quatro vezes. O primeiro torneio que participou de MMA foi em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Em seguida, foi convidado para lutar no Japão, onde foi campeão em 18 lutas e conquistou seu primeiro cinturão. Lutando na categoria peso médio (até 93 quilos), o atleta conta que já chegou a fazer uma luta para cerca de 90 mil pessoas no exterior e acredita que o Brasil demorou para ter um olhar profissional sobre o esporte.
“O MMA veio, aos poucos, substituindo o boxe. Não temos mais nomes como Mike Tyson e Evander Holyfield. Eles se tornaram personalidades do esporte, são pessoas inatingíveis. No MMA, você tira os lutadores das academias, eles estão no meio da sociedade. O MMA é um grande mercado a ser explorado. No Japão, as pessoas veem os lutadores como os samurais modernos, atletas que cuidam do corpo, lutam, acreditam na filosofia do esporte. Quando acabava de lutar e ia para o aeroporto, as pessoas vinham falar comigo. Era um reconhecimento imediato”, afirma.
O niteroiense vai mais longe: “O Brasil fabrica os melhores lutadores do mundo. O governo devia apoiar mais os atletas. Esse ainda é o maior problema do esporte no País. Estamos perdendo atletas muito bons por falta de apoio. Mandamos para fora nossas riquezas. Acho uma vergonha, em eventos esportivos como as Olimpíadas e a Copa, por exemplo, Cuba ter 45 medalhas, enquanto o Brasil tem uma ou duas e ainda comemora isso. É triste”, diz.
Mma cada vez mais popular
Assim como Arona, José Aldo da Silva Oliveira, campeão mundial dos penas (até 66 quilos) e considerado um dos melhores lutadores peso-por-peso do mundo na atualidade, atesta que um dos seus sonhos é ver as lutas de MMA transmitidas em um canal de TV aberta no Brasil.
“Seria uma forma de popularizar mais o MMA”, diz Aldo, ressaltando que o crescimento da modalidade no País é evidente e ficou ainda mais forte após o embate entre os brasileiros Anderson Silva e Vitor Belfort, no início deste ano. Com apenas 24 anos, Aldo promete muitos títulos ainda. Faixa preta de jiu-jítsu, conquistou um cartel com 18 vitórias, sendo 12 por nocaute, e apenas uma derrota. Quando marca uma luta, ele começa a treinar cerca de três meses antes.
“Me dedico ao máximo, me concentro na luta, me mantenho focado no treinamento. Sou muito pé no chão e encaro como se fosse a luta da minha vida”, enfatiza Aldo, que foi consagrado recebendo o prêmio World MMA Awards de Lutador do Ano de 2010. Neste mesmo ano, o World Extreme Cagefighting (WEC) se fundiu com o UFC e os lutadores do WEC foram transferidos para o UFC. Aldo tornou-se o primeiro campeão dos Pesos Pena do UFC, recebendo o cinturão oficial.
Arona e Aldo ainda compartilham outra opinião. Para eles, a mudança do nome (antes conhecido como vale-tudo) e a implementação de regras contribuíram para que a modalidade passasse a ser vista com outros olhos pelos brasileiros. Principalmente no que diz respeito a patrocínio.
“Antes, havia um certo receio dos empresários em associar sua marca ao esporte, por achar que era muito violento. Hoje não é mais assim. A realização de mais eventos e a transmissão seria mais um incentivo para o patrocinador”, acrescenta Arona.
UFC: uma marca milionária
O UFC se tornou uma das mais bem sucedidas marcas esportivas do mundo, avaliada em mais de US$ 1 bilhão. Por onde passa, causa um impacto econômico na ordem de US$ 15 milhões a US$ 50 milhões. Fora dos Estados Unidos, onde está em quase todos os estados, o Brasil representa o sétimo país a receber uma edição do UFC. E não está descartada a estreia na China e na Índia ainda este ano.
Adquirido por US$ 2 milhões pelos irmãos Frank e Lorenzo Fertitta, em 2001, o UFC passou por uma reformulação e se tornou o esporte que mais cresce no mundo. Foram estabelecidas 32 regras. Diversos golpes estão proibidos, como ataques à coluna, à virilha e cabeçadas. Os lutadores são divididos em categorias de pesos e se enfrentam em um octógono durante três rounds de cinco minutos cada. Além disso, um rigoroso acompanhamento médico passou a ser obrigatório. O UFC foi fundado em 1993 pelo brasileiro Rorion Gracie e tentava provar que o jiu-jítsu era a mais eficiente entre todas as modalidades de luta. Cada lutador enfrentava, no mínimo, três atletas em uma única noite, sem regras e categorias de peso. Hoje, o UFC emprega 275 atletas que ganham mais de US$ 100 mil por ano e já superou, nos Estados Unidos, o boxe em número de espectadores, anunciantes e volume de apostas.
Niterói tem evento oficial
O professor de muay thai Diogo Tavares, 34, há três anos realiza o Fatality Arena que, segundo ele, já entrou para o calendário oficial de eventos de Niterói. Sua meta, agora, é organizar de duas a três edições por ano na cidade. Entre as maiores preocupações de Diogo estão a qualidade das lutas e a integridade física dos atletas. Este ano, o Fatality contará com nove lutas, incluindo a superluta entre o niteroiense Felipe Mongo e o atleta de Curitiba Daniel Acácio.
“Esta luta será a grande expectativa da noite. Dos 18 atletas que vão lutar no Fatality, apenas quatro são de fora. O objetivo é mostrar a potência de Niterói no esporte”, explica, ressaltando que todas as lutas são remuneradas. “Os valores vão de R$ 1 mil a R$ 15 mil”, diz.
O professor conta que o MMA também está sendo muito procurado pelas mulheres e aponta a niteroiense Aline Sério como grande aposta. Já no masculino, ele cita Mauro dos Santos, o Mauro Pedra. Diogo Tavares também desmitifica a questão da violência que envolve as artes marciais:
“Está totalmente profissional. O embate se tornou mais atrativo, menos sangrento e mais emocionante”, afirma. Como o MMA é a mistura de várias artes marciais, como jiu-jítsu, boxe, wrestling, muay thai e karatê, Diogo faz questão de frisar que ao treinar os lutadores sempre passa para eles a doutrina do esporte e, no caso das outras modalidades, busca indicar profissionais de sua confiança para o treinamento.
“Assim, temos um atleta completo e bem preparado”, enfatiza.
O FLUMINENSE
Por: Luciana Jacques
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